O YouTube é um ótimo exemplo da cultura participativa na Web, na verdade, esse é seu principal negócio. O site que iniciou como um repositório de vídeos, hoje “representa claramente uma ruptura com os modelos de negócios da mídia existentes e está surgindo como um novo ambiente do poder midiático. Ele tem recebido muita atenção da imprensa e agora faz parte, mesmo que aceito de maneira relutante, do cenário da mídia de massa […]”. (BURGESS E GREEN, 2009, p. 35). Ele é conhecido por um site aberto a todos, cujos discursos de mídias transitam entre os enaltecedores e os condenatórios, onde “podem somente refletir e moldar o significado de novas formas de mídia enquanto estas evoluem” (BURGESS E GREEN, 2009, p. 36); um convívio de diversas experiências e interesses, sem distinção de uso por idade, renda, sexo, raça, religião, entre outros.
O chamado pânico midiático tem hoje sua atenção na internet, mas, vale lembrar que já teve em outros momentos da história outros pontos de preocupação, por exemplo, no século 19 com a imprensa marginal e no começo do século 20 com o surgimento da câmera portátil. No YouTube convivem problemas e diversão, jovens agentes e vítimas, uma dicotomia de opiniões e manifestações culturais, verdades e histórias inventadas. Conforme Burgess e Green (2009) tudo está no YouTube.
Como problemas, podem-se listar a preocupação com a “pirataria” e a “ciberintimidação”, que aponta a necessidade de intervenções regulatórias (exemplo: Gerenciamento Digital de Direitos – DRM), a divisão digital entre gerações, a violação dos direitos autorais que “propõe um discurso sobre a ameaça às indústrias do entretenimento representada por consumidores não avaliados mas imbuídos de poder”. (BURGESS E GREEN, 2009, p. 53) . Como elementos de sucesso, o YouTube promove a democratização da produção cultural, ponto importante na web 2.0 como “revolução” dos usuários, possui canais dedicados a diversos temas. A própria televisão interliga sua programação a internet, quando apresenta os vídeos mais vistos da internet. O YouTube é utilizado por empresas (o empresário que deseja divulgar seu pequeno negócio), professores (buscando maneiras de envolver seus alunos e melhorar suas aulas), universidades (realizando uploads de vídeos de palestras e aulas completas), profissionais de mídias (utilizando como experimento e divulgação), e por pessoas “comuns” como divulgação, “[…] talento puro e simples combinado à distribuição digital pode se converter diretamente em sucesso legítimo e fama na mídia”. (BURGESS E GREEN, 2009, p. 43).
No YouTube “mundos comuns” convivem com “mundos da mídia”, “já foi literalmente mitificado como um meio de Broadcast yourself (Transmitir-se) para o mundo da fama e da fortuna”. (BURGESS E GREEN, 2009, p. 44), e esta fama pode ocorrer pelos diversos motivos: notoriedade, ódio ou irritabilidade. Enfim, vídeos amadores e profissionais com integração de conteúdo, circulação de conhecimento, pensamentos e cultura; realizados e apropriados pelos participantes do site. Uma revolução digital que influenciou e tornou-se um dos ambientes midiáticos mais importantes da Web, um ambiente para novos modelos de negócios, um ambiente para realmente “transmitir-se”.
BURGESS, Jean; GREEN, Joshua. O Youtube e a mídia de massa. IN: Youtube e a revolução digital. São Paulo: Aleph, 2009