A experiência do cinema de Chaplin

A indústria cultural cinematográfica conheceu sucessivas transformações, porém, o cinema sempre apresentou uma articulação de códigos e elementos: imagens em movimento, luz, som, música, diálogos, textos escritos. Uma relação entre arte e não arte.

O cinema tem a seu dispor infinitas probabilidades de produzir significados, sendo que, conforme Badiou (2004) pode ser expor uma cópia da realidade e uma dimensão totalmente artificial desta cópia.

Badiou (2004) também explica que o cinema é uma arte de massas e, cita os filmes de Charles Chaplin que foram vistos no mundo inteiro, e, que são facilmente compreendidos.

Chaplin é considerado um dos grandes personagens do cinema, seus filmes foram notadamente marcados por elementos de crítica social. A figura 1 apresenta uma cena do filme “Tempos Modernos”, que ilustra um operário de uma fábrica trabalhando em uma esteira. Sua função era apertar parafusos, mas, ao longo do filme o personagem não consegue acompanhar a esteira que segue cada vez mais rápida e termina “enlouquecendo” e, entrando na máquina gigantesca (figura 2).

Um aspecto importante na imagem do cinema é a relação do tempo. As roupas, objetos e lugares que são apresentados no filme, bem como as cenas em preto e branco, recriam ao seu redor, o universo social e demarcam o tempo (período) a que pertencem. Contudo, pode-se dizer que ainda hoje é possível entender a crítica à modernidade e ao modelo de industrialização apresentado por Chaplin neste filme. O que faz com que se observe que a narrativa do filme e o contexto nas quais as ações surgem, representam uma vivência diferente do tempo.

Outro aspecto revelado pelo cinema são os personagens “imortais”. Através de uma articulação entre a imagem e o imaginário o cinema participou da criação de personagens admiráveis, heróis, e tantos outros, como por exemplo, Chaplin. Muitos consideram Chaplin um ícone da cultura de massa. Vale ressaltar que é fácil reconhecer a imagem de Chaplin. Na figura 3 tem-se o final do filme “Tempos Modernos”, no qual aparece o personagem Chaplin de costas e, é facilmente reconhecido, pois sua roupa e o chapéu tornaram-se um clássico.

Retomando a questão do tempo, a imagem no filme exige o tempo, a duração e a transformação, ou seja, uma história com início, meio e fim. Chaplin usa de forma muito simples, a câmera que isola um personagem e monopoliza a tela. Observa-se que os personagens retiraram-se da cidade, indo em direção ao campo.

É interessante destacar que o cinema multiplica os pontos de vista através dos movimentos dos cortes e da sucessão de planos. Assim, para quem já assistiu ao filme, mesmo sendo uma imagem estática, na figura 3, pode-se ter a sensação de ver o estilo de caminhar de Chaplin. Uma representação de esperança, sempre apresentada no final de seus filmes.

Para finalizar, uma citação de Enaudeau (1999, p. 184) que achei perfeita para entender a complexidade das representações: “es el ambiente de formas, imágenes y palabras al que desde el origen son transpuestas todas las cosas y somos transpuestos nosotros mismos”.

Referências:

BADIOU, Alain. El cine como experimentación filosófica. In: YOEL, Gerardo (org.). Pensar el cine I. Imagen, ética y filosofia. Buenos Aires: Manantial, 2004, p. 23-81.

ENAUDEAU, Corinne. Interpretar. In: _____. La paradoja de la representación. Buenos Aires: Paidós, 1999, p. 175-188.

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