O tema central do artigo é a distinção entre a diversidade (um universal concreto de toda realização humana) e a diferença (um universal abstrato).
Segundo Sodré (2006, p.8) o filósofo francês Alain Badiou afirma “ser óbvio que somos todos diferentes e que, portanto, a diferença é que está aí, é o que há, é o múltiplo infinito do humano”. Contudo, entendemos que somos diferentes, falamos em tolerância entre as pessoas, tolerância entre comunidades religiosas e/ou culturais, mas continuamos julgando o outro a partir da nossa identidade da diferença. Compreender a diferença de cada pessoa, de cada grupo, de cada relação construída entre sujeitos e grupos é fundamental para aceitação real do diferente em âmbito universal concreto.
Para algumas pessoas existe uma consideração simplesmente intelectual ou especulativa sobre a diversidade, pois não existe verdadeiramente um reconhecimento sensível. “A percepção da diversidade vai além do simples registro da variedade das aparências, porque o olhar, ao mesmo tempo em que percebe, atribui um valor e, claro, determinada orientação de conduta”, (SODRÉ, 2006, p.8). O autor cita como exemplo o colonialismo ocidental que reconhecia as diferenças culturais dos povos colonizados, mas, continuou com sua estratégia de civilização.
É importante reconhecer na prática cotidiana a experiência da diversidade humana, na realidade do dia a dia, nos repertórios, onde se mostram hábitos, enunciados e simbolizações de uma cultura. Enfim, identificar as possibilidades concretas de diversidade, que refletem na aceitação do outro em todos os espaços de convivência, no respeito e na liberdade; de dizer não ao racismo, preconceitos, discriminação e todas as formas de exclusão do outro.
Achei perfeita a citação: “a diversidade humana é algo a ser mais sentido do que entendido. Na verdade, os homens não são iguais, nem desiguais. Os homens, seres singulares, coexistem em sua diversidade. Cada uma dessas singularidades corresponde, às vezes, à dinâmica histórica de um Outro, um coletivo diverso”, (SODRÉ, 2006, p. 11). Concordo plenamente que sentir a diversidade possibilita a convivência e real aceitação com o “diverso”.
SODRÉ, Muniz. Diversidade e diferença. Revista Científica de Información y Comunicación. Número 3, (2006), Sevilla