No capítulo “Felicidade dos Povos” Maffesoli explica o conceito de “compreender”:
Metáfora da centralidade subterrânea: “saber compreender uma arquitetura diferenciada, que se assenta numa ordem ou numa potência interior e que, mesmo não confluindo para uma finalização possui uma força intrínseca que convém levar-se em conta”, p. 245
O que é compreender? – “é possível discriminarmos, separarmos ou reduzirmos um mundo determinado pelo objeto ou pelo objetivo – mas o mesmo não acontece ao sermos confrontados ao que chamarei ‘o retorno da vida’. É este, aliás, um tema recorrente em M. Weber, formalizado na/pela noção de Verstehen (‘compreender’)”, p. 246.
Ainda sobre a compreensão: “Há, de fato, uma mística na noção de compreensão – no sentido de que ela se funda num conhecimento a um só tempo direto, intuitivo e global. É que ele reúne e incorpora, ao manter juntos eos diversos elementos que o momento analítico havia separado” p. 246

No capítulo “Ordem Interior”, Maffesoli descreve o relativismo conceitual e destaca a importância de observar o dito e o não dito:
“É preciso ‘saber ouvir o mato crescer’, isto é, estar atento a coisas simples e pequenas”, p. 251.
Dito e não dito: “Com a preocupação, herdada do século XI, de tudo submeter ao crivo da razão, de saber as razoes de tudo, esquecemos, retomando-se aqui uma magnífica expressão de Silesius, que “a rosa é sem porquê”. Digamos que, de um ponto de vista epistemológico, por ter ocorrido uma preocupação excessiva com o “dito” das relações sociais, houve esquecimento de que se assentavam também no “não-dito”. Ora, tal vacuidade é um reservatório a ser explorado”, p. 253.

MAFFESOLI, Michel. O conhecimento comum. São Paulo: Brasiliense, 1988. 293 p. Leitura: Saber social e saber sociológico.