27 de Maio de 2016 09h – Por Daniel Dias, consultor de empresas e fundador da 360 Varejo

Para quem ainda não entendeu, estamos no vortex de uma revolução nos hábitos de consumo. Um verdadeiro furação que promete, de forma cada vez mais acintosa, varrer velhas formas de se fazer negócio, inclusive nos ambientes de marketing digital. Muito sinais já apareceram, como o caso do Uber e do Airbnb, não à toa primeiro e terceiro no ranking mundial de Valuation (ato de estimar quanto a empresa vale) do Clube de Startups de acima de U$ 1 bilhão, segunda a Forbes e o Wall Street Journal.
O Uber veio para ficar, mudando completamente as relações de transporte. O Airbnb coloca em xeque talvez a crença mais antiga e profunda da humanidade, a de posse. Você provavelmente já ouviu falar na Airbnb. O serviço de compartilhamento de quartos ou apartamentos para viajantes é um dos exemplos mais marcantes de um termo que cresce cada vez mais mundialmente: a economia do compartilhamento ou “Sharing Economy”.
A economia brasileira está encolhendo pelo segundo ano consecutivo, mas o setor de comércio eletrônico mostra tendência oposta. Com crescimento de 3% no volume de pedidos, em 2015, o e-commerce brasileiro movimentou R$ 41,3 bilhões, valor que representa um aumento nominal de 15,3%, se comparado ao registrado em 2014, colocando o Brasil entre os dez maiores mercados de comércio digital do mundo. Para 2016, as previsões são de crescimento de 8%. De acordo com a E-bit/Buscapé, empresa especializada em informações de comércio eletrônico, o faturamento do setor no Brasil atingiu R$ 9,75 bilhões só no primeiro trimestre deste ano. Com isso, os lojistas registraram um crescimento nominal de 1% sobre o primeiro trimestre do ano passado, somando os 24,4 milhões de pedidos realizados pela Internet no período.
O levantamento indica queda de 6% no volume de compras, na comparação com os três primeiros meses de 2015. O valor do tíquete médio aumentou 7%, ficando em R$ 399 ante os R$ 373 anteriores. Os números comprovam que o início do ano foi positivo para o setor, apesar da instabilidade econômica.
Não é nenhum segredo que os varejistas tradicionais têm estado sob pressão por causa do canal online. As vantagens de preços mais baixos, a seleção mais ampla e conveniência oferecidas pelo e-commerce foram atraindo os consumidores a comprar on-line durante a última década. Mas, nos últimos três anos, houve um deslocamento tecnológico iniciado com o smartphone que acelerou fundo na transformação. Em essência, esses dispositivos têm permitido aos consumidores encurtarem suas visitas às lojas físicas e, com isso, seus gastos offline. Muito se fala aqui e acolá, mas ainda grande parte das empresas nacionais ancorou seus negócios nos balcões velhos e empoeirados dos modelos de negócios de seus pais.
Vamos aos fatos:
- 2/3 dos Millennials (pessoas com idade entre 15 a 34 anos) são usuários de mobile;
- (15-24) lideram a média total de minutos;
- (25-34) passam 69% do seu tempo das plataformas digitais no mobile;
- Média de minutos no smartphone é quase 200x maior do que em tablet;
- Na BlackFriday brasileiro de 2015, 18% das compras foram feitas de um dispositivo móvel.
Fonte: comScore.
Apesar de muitos varejistas ainda não terem investido em sites responsivos ou aplicativos para reforçar o faturamento nos canais digitais, alguns setores já despertaram para o avanço do mobile e vêm conquistando uma nova legião de consumidores na Web.
As lojas virtuais de moda estão entre as que mais recebem acessos de smartphones e tablets. No mercado americano, as vendas de roupas e acessórios nestes gadgets já respondem por cerca de 40%. Globalmente, as vendas mobile da categoria fashion crescem mais de 18% ao ano.
Um estudo feito em 2015 pela Criteo sobre mobile commerce apontou que os aplicativos já são responsáveis, pelo menos, por 50% de todas as vendas mobile. Mais ainda: os aplicativos dobraram as conversões de visitas em vendas comparados com o desktop e alcançaram tickets médios mais altos por transação do que os mobile browsers e desktops.
Os aplicativos são os preferidos pelos e-consumidores de moda, viagens e outros setores e continuarão a ganhar cada vez mais popularidade. Você, lojista de moda e profissional de marketing, se ainda não entendeu que o smartphone é o ponto de convergência das plataformas digitais e portanto também de seus esforços de marca, apresse-se. Até o final do ano, a expectativa é de que os smartphones continuem ampliando a base de novos clientes no varejo online. E cá pra nós, se tem um setor que precisa de venda e tem uma excelente oportunidade através das plataformas digitais, é o varejo de moda.
http://adnews.com.br/adarticles/o-smartphone-no-universo-do-varejo.html