Com uma forte ligação a Portugal e ao Brasil, o sociólogo é reconhecido pelo outro olhar que traz à sociologia e pela sua perspetiva polémica sobre os assuntos que aborda.
Investigador titular da Sorbonne em Paris, incidiu sobre as questões controversas da pós-modernidade, referindo que há um desencontro entre as pessoas e as instituições, isto é, que as pessoas não se identificam com a instituição em que se inserem. Para tal, sugere que haja um ajustamento de modo a definir as relações.
O termo progressismo está, na ótica do professor, em fase de saturação, como tal, os humanos devem encontrar as palavras para dizer o que vivem. Assim, deve haver um ingresso ao invés de um progresso; uma energia interior vinda do espírito, uma ecosofia, propõe.
A noção de tribo urbana, estudada por Michel Maffesoli, foi mencionada pelo mesmo com menção aos sites, blogs, redes sociais e as suas implicações nas representações coletivas a par da sociabilidade e de uma crescente lógica comunitária que atravessa as sociedades ocidentais.
As pequenas tribos, microcomunidades, como explicita o próprio, estão mais presentes e isso pode verificar-se não só nos movimentos revolucionários como a Primavera Árabe e os Indignados de Madrid, mas também nas seitas cristãs (pequenas igrejas) que estão em comunhão umas com as outras, em sintonia.
Passando pelo que é real até ao surrealismo, o sociólogo enalteceu a importância do mito pós-moderno, da cibercultura que está a passar por uma nova fase: a remitologização do mundo.
A referência a autores como Émile Durkheim, Max Weber, Georg Simmel, Thomas Kuhn, entre outros, esteve presente no decurso da palestra do pensador.
O conferencista refletiu por fim sobre a possibilidade do reencantamento do mundo e sobre o saber coletivo, dando o exemplo da wikipédia, que cada vez mais liga o individuo ao coletivo, criando uma nova dimensão: a meso cósmica, em que a técnica liga o microcosmos (saber individuo) para o macrocosmos (saber coletivo).
A palestra finalizou com espaço para debate entre o público presente e o sociólogo francês.
Filipa Alves – Redação LOC