O culto ao leve, divertido, rápido, envolvente e a ojeriza à gordura, ao peso, ao lento, ao reflexivo. O filósofo francês Gilles Lipovetsky esteve em Porto Alegre e falou do livro que vai lançar em janeiro de 2015, “Da Leveza” (editora Grasset).
Conforme Juremir Machado da Silva, o tema engloba muitos paradoxos e aspectos típicos do nosso tempo. “Cultuamos a leveza. Tudo deve ser leve, divertido, rápido e envolvente. Odiamos a gordura, o peso e a demora. A tecnologia aposta em objetos cada vez menores e mais leves. Trabalhamos duro para termos corpos cada vez mais magros. Os filmes não podem ter mais de duas horas. As peças de teatro, antes longas e com intervalos, estão mais curtas. Os livros também emagreceram. Mais de 250 páginas é um peso. Em contrapartida, os pesos da vida parecem cada vez maiores: estresse, depressão, obesidade, desencanto com a política, problemas da idade, de viver mais e de desejar mais”. Quando nos sentimos felizes, lembra Lipovetsky, segundo Juremir, ‘dizemos que estamos no ar, que flutuamos, parece que criamos asas. Quando estamos tristes, carregamos o fardo do mundo em nossas costas. Oscilamos entre o peso da vida e a leveza da felicidade. A leveza passa. O peso fica. Queremos voar, pesar, sonhar e gozar.”
O Caderno de Sábado convidou pensadores como Charles Kiefer, Márcia Tiburi, Erick Felinto, André Lemos e Ricardo Timm para refletir sobre o tema.
O Caderno também conta também com uma entrevista de Juremir Machado da Silva com a historiadora francesa da psicanálise Elizabeth Roudinesco, com um artigo do escritor e ilustrador Hermes Bernardi Jr. sobre aquela que deveria ser a mais importantes da literaturas, a infantil, em homenagem ao Dia da Criança, além de uma análise do Festival do Rio, feita pela crítica de cinema Adriana Androvandi e também a agenda de shows, exposições, peças de teatro e lançamentos literários do sábado
10/10/2014