O primeiro palestrante do evento A “Questão Pós” nas Ciências Humanas – Pós-estruturalismo, Pós-modernidade e Pós-colonialidade foi Michel Maffesoli. O francês, vinculado à Universidade de Paris V, é conhecido pela popularização do conceito de tribo urbana e por construir uma obra em torno da ligação social comunitária nas sociedades pós-modernas.

Maffesoli iniciou sua exposição falando que o tema proposto para a conferência é muito interessante, já que um problema geral da natureza humana é entender as questões do pós. “É interessante observar que o que inicialmente é revolucionário, aos poucos vai se tornando esclerosado”, declarou. Para o sociólogo, o que é dinâmico tende a se tornar mortifico, por isso o tema do pós busca que o pensamento possa integrar a vida. “Há momentos em que o pensamento tende a enrijecer-se, pensar no pós é estar perto da vida, fugir da clausura”, alertou.
Segundo o palestrante, a vida é um processo de metamorfose, transformação de dinâmica e movimento. “Só podemos aprender uma estrutura se apreendemos um movimento, uma cultura, nada é estático”, afirmou. Durante sua fala, Maffesoli criticou a linearidade de pensamento e destacou o mito do progresso. “O século XIX é o século da modernidade, na minha opinião”, frisou.

Para o sociólogo, o fim de um mundo não é o fim do mundo. “Esse é o meu trabalho, há trinta anos eu tento mostrar o processo de sucessão das eras. Podemos dizer que existem épocas, que podem abrir e fechar, e isso é importante para entender as questões do pós. Um ciclo dura um tempo, chega ao seu apogeu e dá lugar a outro”, explicou.
Maffesoli abordou o conceito de saturação e afirmou que a pós-modernidade é uma maneira provisória de traduzir a decadência e também o surgimento de algo novo. Lembrou que a questão do progressismo é entendida como uma flecha por alguns e como um ciclo circular por outros. O pesquisador propõe entender o progresso como um modelo espiral, que reconhece que nada é eterno, mas que há uma continuidade no cerne, que é a vida.
O conferencista ainda falou da teoria, em que o conhecimento é puro e do epistemológico onde o conhecimento é colocado em prática. “Não podemos entender a vida se não entendemos como se aplica sua representação”, concluiu
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